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EXPOSIÇÃO “Em tempo de Ninguém”

CASA DA CULTURA - MELGAÇO

1 a 31 de Dezembro 2025

“Gritos de vozes mudas não quebram os sonhos”

O mundo é pequeno quando procuramos o entendimento dele na perspetiva longínqua do que a ele se sobrepõe.

Para os que acreditam na insignificância do que são, nada mais que uma micropartícula de um grão de areia, vestem-se de vermelho para cantar e dançar o vira, com voltas redondas estonteantes, para se sentir girar à volta dele e celebrar com gratidão o ter nascido num canto pequenino de gentes com grandes saberes e corações maiores.

— Júlia Fernandes (Acrílico s/tela 70x90cm)

“Conjugação unívoca e sensitiva

Quando os olhos semicerrados reparam no que está em volta deles paralisam a emoção das gentes ao observarem, numa matriz unívoca e sensitiva semelhante, tudo o que rodopia em torno deles, a materialidade sem objetivo pré-estabelecido, até ao dia em que a força chora, o pensamento deslumbrado cai em mea-culpa tarde de mais e o corpo cai no lugar da sua Luz. 

— Júlia Fernandes (Acrílico s/tela 46x38cm)

Não aprendi o cheiro das tintas, o toque dos pincéis ou a receita para a melhor junção da cor e da composição na pintura.

Sou artista plástica pela persistência da paixão na aprendizagem árdua e laborada no inconsciente e também reconstruída na intuição da perceção e das emoções.

Durante este percurso pictórico fui encontrando a vida, a forma de me apaixonar por ela e a afirmação necessária de um percurso construído sempre com os objetivos de me encontrar e entender.

A minha pintura é essencialmente o meu olhar sobre a natureza e os seus sítios e a apreensão da alma, traduzida numa poesia melancólica dos sentidos e da intimidade, como se pretendesse pintar a figura humana e a sua sombra, a realidade animada do quotidiano e o imaginário que o confunde.

Algumas obras falam da verdade, outras de poesia cantada ou chorada, outras ainda da emoção solta ao vento, para ser um grito de liberdade, um raio de sol que atravessa o tempo de ninguém e que me adormece a  consciência, para que os dias sejam marcados no meu tempo e possam ficar marcados no tempo por sinais meus.

Júlia Fernandes, 2020