As Feiras do Tempo

Pintar as feiras é regressar ao tempo em que o trabalho moldava os corpos e o carácter e as mãos sabiam mais do que as palavras.

Nas feiras reuniam-se homens e mulheres de rosto duro, marcado pelo sol e pelo cansaço, rudes no gesto mas inteiros, carregando a dignidade de quem vive da terra.

As cores são gastas e densas, como a própria existência, e nelas se misturam não só produtos, mas também histórias, silêncios, ideias e costumes antigos.

Pintar as feiras é pintar a memória coletiva de um mundo simples e intenso, onde a aldeia se reconhecia e o passado ainda respira na força silenciosa das pessoas do campo.